2013/03/12

Fukushima 2 Anos: O Verdadeiro Inimigo É O Medo


Um dos argumentos recorrentes a favor da manutenção da zona de exclusão em volta da usina Fukushima Dai-Ichi é o medo de "efeitos de longo prazo" – ou em bom português, câncer.

Nos próximos anos, pessoas que residem ou residiram na região de Fukushima com certeza vão desenvolver câncer. Posso afirmar isso sem medo de me enganar, porque o risco de câncer é inerente à nossa natureza biológica – ele incide sobre praticamente todos os seres vivos, independente de suas condições ambientais.

Em particular, dois fatores contribuem para o desenvolvimento de câncer: idade avançada e stress. Como a população Japonesa só tende a envelhecer, e todo refugiado está, por definição, sob intenso stress, eu não me surpreenderia nem um pouco se um aumento de casos de câncer for detectado não apenas em Fukushima, mas em toda a região de Touhoku nos próximos anos.

Entretanto, quando o número de casos de câncer em Fukushima for comparado com o de outras regiões que sofreram com o terremoto e tsunami, mas não com qualquer contaminação radioativa, eu duvido muito que seja detectada qualquer diferença estatisticamente significante. Isso porque radioatividade não é um "raio da morte" que causa câncer ao menor contato: todos os seres vivos possuem um certo grau de resistência, até porque nós somos continuamente bombardeados por radiação cósmica, além de fontes humanas (raios X, radiação na alta atmosfera em passageiros de vôos internacionais...), e nem por isso sofremos todos de câncer.

E mesmo os trabalhadores que contiveram o reator tiveram seus níveis de exposição à radiação acompanhados de perto, justamente para não ultrapassar os limites da resistência humana – enquanto os civis foram evacuados logo no começo da crise.

Portanto, a maior fonte de riscos à vida relacionada ao incidente em Fukushima, e que infelizmente não dá sinais de enfraquecer, é o medo, e as más decisões que ele motiva.

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